Projeto Iemanjá

A pesquisa científica atual indica que o aumento da temperatura (fig.1), junto à maior taxa de gás carbônico dissolvido na água do mar está contribuindo para a "acidificação" do meio marinho e para a degradação de muitas barreiras coralinas ao redor do mundo.No caso específico do mar mediterrâneo, constata-se que é a bacia mais afetada no mundo, pela presença de espécies invasivas, tanto peixes quanto algas.
Além dos cientistas, os mergulhadores, trabalhadores e amantes do mar já perceberam as mutações que aconteceram nos últimos anos, o que reforça a ideia da necessidade da criação de um banco de dados.
Ao concentrar o esforço na parametrização científica, por meio de fotos em conjunto com análise das condições químico-físicas da água, em tempo real, poderemos tornar estas informações acessíveis ao público em geral, aos pesquisadores e entidades relacionadas à tutela do meio ambiente.

BRANQUEAMENTO DOS CORAIS:
A grande maioria dos corais vive em simbiose com as zooxanthellae, algas unicelulares que vivem dentro dos tecidos do coral. Pela fotossíntese, as Zooxanthellae produzem compostos ricos em energia, fontes alimentares para o coral. Em geral, os corais são fortemente dependentes desse relacionamento simbiótico, recebendo até 90% das necessidades energéticas através desse processo.
Pode ocorrer, também, em certas condições de estresse, que os corais sofram branqueamento ou descoloração.
O coral sofre branqueamento, num processo de estresse que leva a interrupção da simbiose coral-algas e o leva a morte.
O termo clareamento descreve bem a perda de cor que segue a expulsão das zooxantellae, ou a degradação dos pigmentos das algas.Sendo assim, as zooxanthellae são as principais responsáveis pela coloração dos corais, e, a perda destes torna os tecidos transparentes. Portanto, o branco do carbonato de cálcio do esqueleto acaba sendo visível, tornando o coral branco brilhante ou descolorido.
A composição química da água tem influencia drástica na vida marinha.
Os níveis crescentes de gases estufa na atmosfera estão elevando a acidez da água, com consequente diminuição dos íons carbonatos. Isso tudo provoca a redução das taxas de calcificação dos organismos que constituem o arrecife: corais e algas coralinas. A principal causa de um clareamento em massa é o aumento da temperatura da água do mar..
Para os corais que já estão vivendo no limite do seu máximo térmico, aumentos de temperatura de apenas 1-2 °C durante 4-8 semanas podem ativar esses processos de branqueamento.
Temperaturas elevadas causam branqueamento à medida que colapsa o sistema fotossintético, aumentando a produção de oxigênio que danifica as estruturas celulares do coral.
Como os corais não toleram níveis elevados dessas moléculas tóxicas, eles são forçados a expulsar as zooxantellae para evitar a danificação dos tecidos.

ESPÉCIES INVASIVAS NO MAR MEDITERRÂNEO
Há mais de 830 espécies invasivas relatadas no Mediterrâneo, 600 se estabeleceram de modo permanente.
Uma espécie perigosa é o Sceleratus Lagocephalus (cabeça de lebre) de origem tropical, altamente tóxico para o consumo, que tem invadido grande parte da bacia do levantino, criando sérios problemas ecológicos, econômicos e de saúde em países como a Grécia, Chipre, Turquia, Líbano, Israel, Egito, onde houve vários casos de intoxicação alimentar, alguns dos quais letais. "Relatórios recentes, acrescenta a ONG italiana Legambiente , "vieram da costa sul da Sicília, da Apúlia, da Croácia e da Espanha. Os peixes Fistularia Commersonii (corneta pintada) e o Siganus Luridus (Rabbit fish) são outras espécies invasivas assim como as algas Caulerpa cylindracea e Lophocladia lallemandii, que podem causar graves consequências nos habitats naturais enquanto a ctenofora Mnemiopsis leidyi, impacta negativamente a pesca".
Há outra grande preocupação: "A rápida expansão geográfica do Pterois miles (peixe leão), originário do Mar Vermelho", pois, "um indivíduo foi observado ao longo das costas da Sicília" e a picada destes peixes é muito dolorosa.
"Infelizmente - disse a Presidenta da Legambiente, Rossella Muroni - apesar da consciência cada vez mais generalizada do problema, ainda falta no contexto italiano, uma estratégia abrangente e integrada que permita lidar efetivamente com o problema”. Para atenuar as consequências ecológicas e econômicas do problema das espécies invasivas, é essencial tanto intervir nas rotas de chegada destas espécies, quanto trabalhar também em estreita relação com os cidadãos, em particular com as comunidades que vivem nas localidades à beira-mar.
Por esse motivo, utilizando ferramentas de pesquisa participativa, reconhecendo o papel das comunidades locais e, em particular, dos pescadores artesanais e esportivos, vai ser possível monitorar a introdução de espécies transportadas involuntariamente pelos navios e, nas Áreas de Proteção Marinha proteger a biodiversidade.

fonte:http://www.ansa.it/canale_ambiente/notizie/animali/2017/07/26/mediterraneo-invaso-da-pesci-alieni-tossici_17e35ef0-c0b5-4b53-beac-7abdef0e0de2.html